quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Infertilidade

A infertilidade é o resultado de uma falência orgânica devida à disfunção dos órgãos reprodutores, dos gâmetas ou do concepto. É diferente de esterilidade. Um casal é infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual contínua sem métodos contraceptivos. A infertilidade pode ser:

  • feminina;
  • masculina;
  • feminina e masculina, ou ainda
  • sem causa aparente.

Epidemiologia

A infertilidade tem aumentado nos países industrializados devido:
1. ao adiamento da idade de concepção;
2. à existência de múltiplos parceiros sexuais;
3. aos hábitos sedentários e de consumo excessivo de gorduras, tabaco, álcool e drogas, bem como aos químicos utilizados nos produtos alimentares e aos libertados na atmosfera.

Infertilidade Feminina

Causas funcionais

  • Distúrbios hormonais que impeçam ou dificultem o crescimento e a liberação do óvulo (ovulação)
  • Ovário policístico

Causas anatômicas

  • Obstrução das tubas uterinas

Infertilidade Masculina

  • Diminuição do número de espermatozóides (Oligospermia)
  • Pouca mobilidade dos espermatozoides
  • Espermatozoides anormais
  • Dificuldades na relação sexual
  • Varicocele
  • Criptoquirdia

Tratamento

Com a evolução da medicina, estão disponíveis atualmente diversos tratamentos para a infertilidade conforme a sua causa. Entre eles, pode-se citar a fertilização in vitro (FIV), inseminação intra-uterina, indução da ovulação. O planejamento familiar é fundamental nesse momento, pois além de auxiliar o casal a alcançar seu objetivo, o profissional de saúde oferecerá apoio e orientações.
novas tecnologias reprodutivas como desafio de pesquisa no Brasil 1,2,3,4,5,6,7. Como nenhuma outra tecnologia reprodutiva, as técnicas conceptivas provocam valores fundamentais de nosso ordenamento social ao medicalizar o desejo por filhos. O livro Provetas e Clones: Uma Antropologia das Novas Tecnologias Reprodutivas, fruto da tese de Doutorado de Naara Luna, é a publicação mais recente na interface da Antropologia e da Saúde Pública. A questão de pesquisa de Luna foi eminentemente antropológica – o impacto das tecnologias reprodutivas nas concepções de parentesco e pessoa – mas seus dados de campo extrapolam a Antropologia e tocam em questões fundamentais à Saúde Pública, como o direito à saúde, o estatuto do embrião e a medicalização da reprodução. 
Uma das principais novidades da obra é a riqueza etnográfica da pesquisa realizada em três centros públicos brasileiros. São poucos os hospitais públicos com oferta de serviços de tecnologias reprodutivas no país, e Luna coletou seus dados nos principais centros brasileiros. O início da obra descreve os desafios da negociação para a entrada no campo, um tema recorrente às etnografias brasileiras e internacionais na interface do segredo e das questões reprodutivas. No entanto, Luna enfrentou um desafio adicional: seu projeto de pesquisa, uma etnografia da infertilidade, foi entendido como relativo à área temática especial, ou seja, exigiu-se que a pesquisadora não apenas submetesse seu projeto aos comitês de ética em pesquisa de cada hospital, mas também que fosse avaliado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Esse é um dado da pesquisa que não deve ser menosprezado, pois aponta para dois fenômenos do sistema brasileiro de revisão ética: (i) a pouca compreensão da regulamentação em vigor, em especial da Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde e (ii) a inadequação das diretrizes éticas às pesquisas sociais com metodologias qualitativas, em especial as pesquisas etnográficas.
A pergunta de pesquisa de Luna é clara e busca entender "de que modo essas tecnologias incidem sobre o processo de formação do parentesco" (p. 21). Para respondê-la, a autora faz um longo percurso argumentativo, ora histórico, ora de revisão etnográfica comparada. Por ser uma tarefa ambiciosa em diferentes campos temáticos e conceituais, há capítulos que escapam à pergunta inicial da obra, permitindo digressões pela Teologia, História e Filosofia, certamente uma característica da peça argumentativa que originou a obra – a tese de doutoramento da autora. No entanto, o original da argumentação de Luna é sua aproximação etnográfica, em especial pela apresentação das vozes das mulheres que desafiam a própria capacidade de compreensão da autora e de quem as lê. Foram feitas entrevistas com mulheres e profissionais biomédicos dos serviços e, em vários momentos, a autora contrasta a compreensão destes dois grupos sobre o mesmo fenômeno. Há, todavia, um especial apreço de Luna pelas vozes das mulheres em detrimento das dos profissionais.
Uma experiência comum a todas as etnógrafas do segredo é entender porque as mulheres aceitam contar suas histórias. Luna se faz essa pergunta e aposta na hipótese de que há uma catarse confessional das mulheres no ato de ser ouvida. O convite à pesquisa etnográfica, cuja técnica central é a entrevista aberta, seria um ato de cuidado às mulheres. É preciso lembrar que a infertilidade é um tema tabu não apenas no Brasil, mas em inúmeras sociedades complexas e tradicionais onde o tema da infertilidade já foi investigado 8,9. No caso das mulheres entrevistadas por Luna, são mulheres com uma longa trajetória de medicalização da infecundidade: regra geral, a chegada aos centros públicos de referência representa a última chance de reversão da condição de infecundidade involuntária.
É preciso fazer uma diferença entre o diagnóstico médico de infertilidade e a condição sociológica de infecundidade involuntária. Muitas mulheres que buscam o auxílio das tecnologias reprodutivas para ter filhos não possuem doenças ou ao menos não há diagnóstico médico para a ausência de filhos. Há casos em que a doença está em seus companheiros, mas é no corpo das mulheres que a medicalização se expressa. Para a ausência involuntária de filhos sem causa médica de infertilidade há outras alternativas disponíveis antes da medicalização intensa do corpo da mulher: desde a adoção de crianças à substituição do companheiro no projeto reprodutivo. No entanto, essas são alternativas desconsideradas pelas mulheres e profissionais biomédicos entrevistados por Luna. É preciso, no entanto, ter clareza de porque essas mulheres rejeitam outros projetos de filiação que não a reprodução biológica.
Luna tem pretensões de descortinar valores compartilhados sobre parentesco e filiação na sociedade brasileira por meio da pesquisa sobre tecnologias reprodutivas. Certamente a pesquisa com usuárias das tecnologias reprodutivas é uma estratégia eficaz, no entanto, há um viés importante na amostra das participantes da pesquisa. Todas são mulheres intensamente engajadas no projeto de reprodução biológica, ou seja, mulheres cujo sentido da maternidade está na expectativa de vinculação biológica com seus futuros filhos. Assim como outras etnógrafas da infertilidade, Luna não conseguiu ter acesso às mulheres que abandonaram o tratamento ou que jamais o buscaram para realizar o desejo por filhos. O mesmo pode ser dito dos profissionais entrevistados: todos estão comprometidos com a reprodução biológica e apostam na medicalização do desejo por filhos. Ou seja, é importante relativizar em que momento da trajetória reprodutiva das mulheres o encontro etnográfico ocorreu. Suas opiniões sobre o sentido da maternidade, sobre a importância da filiação biológica, ou mesmo sobre o estatuto do embrião e a rejeição ao aborto representam o momento máximo de aposta na maternidade biológica. Um desdobramento possível da pesquisa etnográfica seria entrevistar novamente essas mulheres em outro momento de suas trajetórias reprodutivas.
Há temas que ainda resistem à pesquisa etnográfica no campo das tecnologias reprodutivas. O primeiro deles, e logo no início da obra reconhecido pela autora como uma ausência de pesquisa, são as histórias das mulheres que desistiram do tratamento ou que nunca o procuraram para resolver a condição de infecundidade involuntária. O segundo é conhecer as experiências masculinas na infertilidade. Ainda não sabemos como os homens se comportam ou vivenciam a experiência de ausência involuntária de filhos. Essa, na verdade, caracteriza uma lacuna internacional nos estudos sobre tecnologias reprodutivas: em geral são mulheres pesquisando mulheres. E, por fim, um tema que salta aos olhos nos hospitais públicos pesquisados por Luna e que desafia a compreensão do acesso às tecnologias reprodutivas como uma expressão do direito constitucional à saúde, é porque somente as mulheres em situação de conjugalidade heterossexual podem ter acesso às tecnologias. Nenhum dos hospitais autorizava que mulheres sozinhas ou lésbicas tivessem acesso às tecnologias reprodutivas, uma restrição que acaba por garantir a presença masculina no projeto reprodutivo das mulheres.
Se, de fato, as tecnologias reprodutivas representam uma revolução no campo reprodutivo, esta revolução não deve ser simplesmente tecnológica ao permitir a geração de embriões fora do corpo da mulher. A verdadeira revolução, a que subverterá os padrões hegemônicos de parentesco e filiação, deverá reconhecer a legitimidade do desejo por filhos para todas as mulheres e homens em idade reprodutiva. O desejo por filhos não é exclusivo de homens e mulheres heterossexuais em relações afetivas estáveis, como propõe um dos centros públicos pesquisados por Luna. Sendo verdadeiramente uma extensão do direito à saúde, esse deve ser um serviço acessível a todas as pessoas que desejam filhos.
Segundo a European Society of Human Reproduction and Embriology (E.S.H.R.E.) a definição geral de infertilidade é a diminuição da capacidade de conceber em relação à população geral. 

Especialistas revelam que a infertilidade conjugal é uma situação que atinge cerca de 15 a 20% de todos os casais em idade reprodutiva. Para se ter dimensão do problema, isso significa que um a cada 5 ou 6 casais vai ter dificuldade para engravidar. Mas atualmente é possível reverter vários destes casos com os recursos avançados disponíveis nos Centros de Reprodução Humana.
O especialista em Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana dr. José Geraldo Caldeira relata que grande parte dos casais ainda chega com muitas dúvidas sobre infertilidade no consultório e esclarece os principais mitos:
Tratamentos contra infertilidade sempre geram gêmeos?
Mito. A taxa de gemelares acontece em 20% dos casos.
Mulher com útero invertido tem mais dificuldade para engravidar?Mito. Não se trata de uma anormalidade, mas sim uma característica natural, já que a grande maioria das mulheres não apresenta sintoma/problema algum., o que ajuda muito nessa situação, é a orientação do ginecologista para adotar mudanças de posição após as relações com o objetivo de evitar perda do semem , o que pode reduzir as chances de engravidar.
Existem casos em que mesmo com os tratamentos adequados a mulher não consegue engravidar?Verdade. Pesquisas mostram que 10% dos casos de infertilidade são indeterminadas e em alguns casos, não é possível gerar um bebê.
O uso de pílula anticoncepcional por tempo prolongado pode causar infertilidade?Mito. Não importa o tempo que a mulher use a pílula, isso não interfere no processo. O que pode acontecer é o disfarce de um problema pré-estabelecido. Em alguns casos a pílula anticoncepcional pode até ajudar na prevenção do surgimento da endometriose e de cistos nos ovários.
Relações sexuais nos dias da ovulação resultam sempre em gestação?Mito. Mesmo se o casal tiver relações sexuais todos os dias, durante um mês, incluindo o período fértil, apenas 20% das mulheres irão engravidar. Por outro lado, muitas vezes, uma única relação, no mês, pode resultar em gravidez, principalmente no caso das mulheres mais jovens.
É preciso ter os dois ovários e as duas trompas para engravidar?Mito. É possível engravidar com apenas um ovário e uma trompa.
Mulheres atletas, que se exercitam demais, podem ter maior dificuldade de engravidar?Verdade. Atletas de alta performance que praticam exercícios extenuantes, como corridas de longa distância, podem resultar no que se chama de amenorréia, ou ausência de períodos menstruais. Isso ocorre quando o nível de gordura do corpo cai a níveis inferiores aqueles necessários para ajudar na ovulação. Há aquelas que, mesmo com rotina de superatletas, continuam a ter a menstruação regularmente. A experiência aconselha, de todo modo, que as mulheres empenhadas em engravidar devam reduzir seus exercícios para níveis mais moderados.
Mulheres que possuem ovário policístico não conseguem engravidar?Mito. As mulheres com ovário policístico não ovulam todo mês (têm dificuldade de ovulação), por isso é mais difícil engravidar. No entanto, não é impossível como essa disfunção está ligada ao metabolismo, o médico sugere que as mulheres com esse problema tentem ajustar seu peso com dietas e práticas de exercícios físicos. Existe ainda a opção por medicamento.
Durante o tratamento contra a infertilidade, sexo deve ser evitado ou controlado?Falso. O contato íntimo entre o casal está liberado, levar uma vida afetiva normal ajuda a relaxar e alcançar com maior tranqüilidade o objetivo da maternidade. O sexo deve ser suspenso apenas caso o médico prescreva formalmente.
Mulheres com idade avançada têm mais dificuldade para engravidar?Verdade. Há um aumento na probabilidade de síndromes genéticas como por exemplo, Síndrome de Down. Chegada aos 37 anos a mulher inicia uma nova etapa cronológica em sua vida e a produção da quantidade e qualidade dos óvulos cai. Por isso, diminuem as taxas de gravidez e aumentam a ocorrência de abortos. Mulheres com idade acima da citada devem tentar engravidar por um pouco mais de tempo que as mais jovens, por volta de 1 ano e 6 meses, caso isso não ocorra espontaneamente é recomendável que a mulher procure um Centro de Reprodução Humana para realizar uma investigação mais detalhada.
A mulher que provoca um aborto pode reduzir as chances de engravidar novamente?Depende. Mito: se o aborto for realizado em condição de higiene e segurança com a presença de profissionais qualificados ele não provocará outros desdobramentos. Abortos espontâneos com até 10 semanas de gestação não apresentam risco à mulher, já que a anatomia do útero permanece completa. Verdade: se o aborto for realizado em condições de risco, tal ação pode deixar sequelas como por exemplo: lesões nas trompas, aderência das paredes do útero e infecções.
O uso de pílula anticoncepcional por tempo prolongado pode causar infertilidade?Mito. Não importa o tempo que a mulher use a pílula isso não interfere no processo. O que pode acontecer é o disfarce de um problema pré-estabelecido. Em alguns casos a pílula anticoncepcional pode até ajudar na prevenção do surgimento da endometriose e de cistos nos ovários.
O uso de “pílula do dia seguinte” pode interferir na fertilidade feminina?Mito. A pílula do dia seguinte não é 100% eficaz e a gravidez pode ocorrer mesmo após o seu uso. Vale ressaltar que essa pílula é uma boa ferramenta apenas em caso de emergências.